quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

JASMIM AO MAR

JASMIM AO MAR

Corrosivo cria
Cria sem fé 
Cria na Santa Sé
Tudo em mim é vício
Até o ofício do jasmim
De carmim que não fiz

A minha escrita é vômito
Fel que vira mel
No céu do mar
Tantas vezes me afoguei em mim
A tábua de salvação também naufraga
Quando o mundo divaga em canção

Meu coração desaba
No fino fio da paixão errante
A epifania de Dante é delirante
Porque até o mais constante
Instante perene
É efêmero

Ateu Poeta
27/12/2019

EXCESSIVO


EXCESSIVO

Tudo que é excessivo 
Pode ser brutal
Nada do que sinto é ideal
E essa vontade de rimar
Tá tão irracional

Nem sei se ainda existe carnaval
Remédio é um veneno fractal
A vida in vitro
Vive no vitral

O tédio é um terror
Dissabor sombrio
Tema do filme de abril

Sopor
Soprou sempre
Sobre o que 
Se opôs 
Se por 

O novo sol-se-por 
Quem foi que viu?

Ateu Poeta
27/12/2019

SUA SAIA


SUA SAIA

Céu e mar de sintonias
Encerrem a nostalgia do querer
Ré e fá de sinfonias 
Destruam a agonia do não ser

Que importa a poesia ao poder?
Quem planta a esperança
E não pratica a dança do fazer
Espera pelo quê?

Não sei mais a diferença
Entre ideia e ideologia
Ambas dão cria ao relento
É preciso estar atento pra saber

O tempo vem enquanto a vida vai
Como o vento em sua saia que entra e sai

Ateu Poeta
27/12/2019

sábado, 7 de dezembro de 2019

CANETA RAREFEITA

CANETA RAREFEITA

O sistema é o morfema da escravidão
quem será que alucina?
Porque ninguém assina 
A sina de Adão

De viver sem pão
Morrer na prisão
Nunca ter mansão
Sofrer na imensidão

Fenecer na sarjeta 
Sem gorjeta na mão
A caneta é rarefeita 
Pra qualquer civil

Porque a coroa do rei
É o mais forte fuzil

Ateu Poeta
07/12/2019

ENTRE A CAÇA E O CAÇADOR

ENTRE A CAÇA E O CAÇADOR

Temos a mesma sorte
Estamos mesmo todos
A um passo da morte
Só o tempo não é igual

A dor aperta bem brutal
Pra quem vai 
E pra quem fica
Na espada natural

Viver é ser condor
Dançar no dissabor
Acender no caos
Entre a caça e o caçador

Nenhum ritual é ideal
Por mais tarde que seja
É sempre muito cedo
O universo nada deseja

Ateu Poeta
Novembro de 2019