O INTERLOCUTOR
Com a leitura a gente esquece
Até mesmo a solidão
Entende que o mundo
Não é mera ficção
Portal para outros mundos
É uma aventura sem igual
Cada pessoa que escreve
Tem um diferente ideal
Por isso nunca busque
Uma leitura muito igual
Sabedoria vem da mistura
Do choque de informação
Abalando as estruturas
Do corpo, mente e coração
Nenhum livro pode ser
Sozinho a salvação
Discorde do que leu
Com muita determinação
Sem fundamentalismo
Pois, a cultura é invenção
Mesmo quando factual
E sem bola de cristal
Ou cavaleiro de armadura
É uma aventura sem igual
A ciência não é megera
Pode até ser diversão
Mas, é preciso espera
Para entender a vocação
Não se prenda a nenhum texto
Ache o contexto da fração
Evite anacronismos
E relativismos da razão
Se não entendeu o autor
Anote as partes principais
Procure o complemento
Em escritos desiguais
Sempre sem amarras
Tal qual investigador
Não é certo desprezar
Internet e televisão
E também aquilo
Que é mera distração
Pois, a quimera se esconde
Na mera desinformação
Por excesso de fakes
Em qualquer localização
Uma mente preguiçosa
Sempre foge da razão
Até em desenho animado
Tem muita manipulação
Mas, um cérebro destreinado
Não encontra a decifração
Muitas vezes é preciso
Desafiar até a evolução
Para de fato evoluir
Como se fosse uma canção
Onde o universo inteiro
Fizesse parte do refrão
Se tudo parece obsoleto
Até mesmo para os seus pais
E há o mesmo lero-lero
Das mudanças valorais
É só cabresto do mercado
Que escraviza
E sempre quer muito mais
Não importa quem morra
Ou desastres ambientais
Só liga para o vil metal
Controlando os políticos
E tudo que for capital
Pecado fomentado pela religião
Que nunca foi de fato religação
Mas, falsificação alegórica
Que corrompeu até a História
Quebrando toda a lógica
De forma categórica
Por mais peremptória
que seja a trajetória
Toda fé é cega
E sega quem nela crê
Por isso procure ser
Um interlocutor que lê
#Ateu Poeta
11/08/2020