quinta-feira, 25 de junho de 2020

GADO DIGITAL



GADO DIGITAL

Hoje em dia estamos no momento onde tudo é novidade para sempre, porque acontece coisa demais de uma vez e a gente é bombardeado por uma gama de informações, 99% delas totalmente inúteis, que devoramos sem digerir e logo esquecemos. 

Por exemplo, há quem, certamente, nem lembre do viral "Já acabou, Jéssica?" e de tantos outros que milhões ainda nem viram e os que viram esqueceram para desocupar espaço para absorver mais material inútil que chega nos neurônios sem compactar.

Mesmo assim, uma parte dos empresário investiu no mercado de fábrica de memes. Há uma infinidade de pessoas que cria seus próprios memes, eu mesmo criei uma quantidade absurda e adapto charges ainda, sem ganhar nenhum centavo, porém, existe um mercado gigantesco e crescente focado somente em memes, e as mesmas fábricas que geram memes para um assunto geram memes para o assunto contrário e lançam os memes primordiais e vários de resposta àquele no mesmo instante e, muitas vezes, lançam no mesmo site; o dono do site lucra com a quantidade brutal de acessos sem se importar com as tretas que são geradas ou fomentadas, o que acontecer dará lucro a ele, com tanto que mantenha parceria com a fábrica de memes mais antenada ou que ganhe seguidores suficientes para que grandes empresas se interessem em associar suas marcas ao site ou empresa ou um criador famoso em particular.

Cada geração sai mais viciada em ver tudo primeiro e não lembrar nada depois; e dar nomes bestas às gerações não diminui o choque entre elas, choque cultural que, inclusive, é saudável; pois, é justamente do choque cultural que nasce a evolução do conhecimento.

Na atualidade, existe uma analfabetização em cadeia, emanada tanto por grandes multinacionais quanto pelo humor barato da indústria cinematográfica e de quadrinhos, como "Marvel Comics" e "DC Comics". Alguns exemplos disso são heróis de HQs, dentre eles o Homem-Aranha e Vingador, falando "cumequié", "cê", e outras coisas até incompreensíveis de tão bizarras; no lado da DC há "coringa" como se fosse tradução de curinga para a carta "Joker" inspirada em Arlequim e Pierrô. Transformaram Hell em "Hella" na Marvel e Harley Quinn em "Arlequina" na DC,m e por aí em diante. Harley, ao que consta seria um tipo de lebre (hara) + clareira, lugar desmatado (leah), sendo o significa mais próximo "lebre do lugar desmatado" e "quinn", seria o mais próximo da palavra rainha em Inglês (queen), mas também poderia ser uma referência à moto Harley Davidson.

O analfabetismo funcional é disseminado também pela pressa, mas, principalmente pelo humor barato que gerou o mito de que algo escrito errado seria mais engraçado; como se vê principalmente nas páginas de trolagem ao personagem Dollynho, a quem atribuem o idioma "Dollynês".

Existe também  uma técnica de escrita, exagerada nas novelas da Globo, principalmente, e em muitos filmes, desde "Amâncio Mazzaropi" ao "Jeca Tatu", que serve para a classe pobre e os imigrantes, que dissemina o preconceito com os chamados "caipiras" ou até mesmo "jecas"; apesar de ser usada de forma incorporada até por uma infinidade de pessoas, serve muito mais para alimentar um estereótipo inútil do que gerar identidade, inclusive porque é empregado com um grande exagero, via de regra.

Há uma tendência na cibernética à estadunização, o que já é ruim, e a estadunização sem vogais, o que é mil vezes pior e torna a maioria do linguajar de muitos jovens quase totalmente incompreensível. E, na maioria da vezes, são expressões estúpidas como "WTF", FLW, dentre outras.

Há muitas pessoas que se enganam de que "os jovens sabem tudo na era da internet", um erro tão grande que nem Crasso cometeria, se isso não fosse anacrônico, porque não têm embasamento para pesquisar cientificamente as questões, mergulhando nas coisas que aparecem mais, sendo que as coisas que mais aparecem nas pesquisas não são as mais científicas, mas as mais patrocinadas, as que aparecem nos sites mais patrocinados, e, por fim, as mais procuradas, que, na enorme maioria das vezes, só estão entre as mais procuradas porque foram patrocinadas por algum motivo quase sempre escuso, salvo algumas pouquíssimas exceções que acabam chegando na primeira página do Google e de outros sites de buscas por aclamação popular, mas, mesmo nestes casos houve pelo menos uma pessoa que disseminou essas coisas sem parar, muitas vezes enviando para milhares de pessoas via chat pessoal, e-mails, mala-direta ou outra plataforma de aspecto semelhante.

Esta é só uma análise superficial, por mais profunda que possa parecer para os que não tiveram tempo ou meios para pensar nisto, mas, a partir daqui os seus olhos estarão abertos para a crítica da era cibernética. O meu trabalho está feito!

Ateu Poeta
Junho-2020